Resenha: Amor à moda Antiga (★★★★)

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Boa tarde, pessoal!!

Hoje é dia de resenha de um livro super amorzinho recebido em parceria com a editora Belas-Letras <3


Título: Amor à moda Antiga
Autor: Carpinejar
Editora: Belas-Letras
Páginas: 105
Classificação: (★)


Eles têm um carinho enorme com toda a arte, então não preciso nem dizer que o post está cheio de fotos lindas e cheio de elogios pra essa parte haha (olha a cor dessa capa)

Como vocês podem ver, o livro é constituído de poemas, e o mais legal de tudo é a própria história de como eles surgiram: as poesias contidas no livro, estão exatamente iguais aos originais recebidos na editora, com alguns dos erros, borrões e até anotações do próprio autor que entregou três envelopes com maços de folhas dentro - e foram publicadas na ordem em que estavam.


Os poemas foram escritos entre a primavera de 2015 e o verão de 2016 em uma Olivetti Lettera.

Como o próprio nome já entrega, o tema principal é o amor - o antigo é pela forma como eles foram escritos: em uma máquina de escrever. O livro é bem leve! Dá pra ter uma ideia nos poemas conditos nessas fotos ilustrativas e também deixarei dois dos meus preferidos na íntegra no final.


Devo confessar que é aquele livro que você devora em uma sentada. Por ter um número pequeno de páginas e serem poemas bem curtos, vai tudo em torno de uma hora. Mas, é claro, também pode ser um livro de cabeceira pra degustar de uma página por dia.

A edição, como vocês podem perceber, está maravilhosa! Achei lindo principalmente eles reproduzirem os originais. O livro tem jacket e embaixo está como ele é sem a capa na capa haha - e mais alguns detalhes que ficam escondidinhos.


 A única coisa ruim de toda essa arte, é que a capa verde, conforme vai atritando com as superfícies, parece que o papel vai "abrindo" e vai ficando branquinho nas bordas... Mas eu acabei nem achando ruim, porque reforça o ar de 'antigo' - e vai que isso também tenha sido pensado(?)


Nossa, Natasha, e por que então que o livro não tem as 5 estrelas se eu só li coisas positivas? 
Então, é que é um livro bom, sim, mas pra mim ele ficou no bom. As poesias são ótimas de ler, mas não têm nada muito marcante ou impactante. É um excelente livro pra te desestressar no dia-a-dia e deixar a vida mais leve. Recomendo pra todos!


quando me calo
e finjo ausência,
você me pergunta
o que estou pensando.
é certo que mentirei
deveria me perguntar
o que estou sentindo.

você foi teimosa ao ficar comigo.
você foi teimosa ao decidir não me ver
nunca mais.
Teimosia junto, teimosia longe.
talvez tenhamos vivido somente
a prepotência da paixão.
o amor só vem
depois do orgulho,
bem depois,
entre o perdão e a paz.



Espero que tenham gostado

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Resenha: A Arquitetura da Felicidade (★★★★★)

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Boa tarde, leitores!! Faz um tempinho que não apareço por aqui e isso acarretou em diversas resenhas acumuladas... Por isso, fiz uma enquete no Instagram, pelo meu perfil pessoal e pelo do blog, (me senti bem tecnológica utilizando novos recursos) perguntando qual livro vocês gostariam de ler a resenha antes! Somando os votos, a resenha de hoje ganhou (mas a outra resenha já sai semana que vem, calma!!). Não deixe de acompanhar os ig's pra ficar por dentro das novidades <3

A arquitetura, mesmo na sua forma mais consumada, será sempre um pequeno e imperfeito protesto contra o estado de coisas.


Título:  A Arquitetura da Felicidade
Autor: Alain de Botton
Editora: Rocco
Páginas: 267
Classificação: (★★★)


Como vocês já sabem, esse ano eu entrei na faculdade de arquitetura e urbanismo e acho que quase todo mundo que entra nesse curso passa por isso: ele remodela por completo os seus gostos/ideias, principalmente sobre o que é bom, arquitetonicamente falando. E, no meio desse processo, uma crise bateu - justamente sobre essa questão de boa ou má arquitetura, junto com outros pontos que acabam se envolvendo.
Não dá pra entrar nesse mérito tão à fundo, o que dificulta um pouco o desenvolvimento da resenha, mas a ideia de que eu comecei a ler esse livro no meio de uma "crise", era o que eu precisava aqui.

A premissa para se acreditar na importância da arquitetura é a noção de que somos, queiramos ou não, pessoas diferentes em lugares diferentes - e a convicção de que cabe à arquitetura deixar bem claro para nós quem poderíamos idealmente ser.

Comecei a leitura sem saber do que se tratava e devo admitir que foi uma surpresa super positiva! O livro é dividido em 6 capítulos: A importância da arquitetura, Em que estilo se deve construir?, construções que falam, lares ideais, as virtudes das construções e a promessa do campo. Assim dá pra ter uma ideia mais geral do conteúdo e, pra facilitar a desenvoltura, estabeleci o roteiro da resenha seguindo as frases que anotei durante a leitura. Vamos lá?!

PS: a resenha será desenvolvida sem nenhum termo técnico ou um viés mais formal. Seguirá no mesmo estilo das outras já postadas aqui no blog :)



O livro frisa muito bem que nós mudamos de gosto diversas vezes ao longo da vida (né non?) e que a casa que achamos bonita hoje, amanhã pode não ser mais tão bela assim. Uma coisa até pior: ela pode deixar de nos fazer bem! Essa é outra questão abordada: o quanto a nossa moradia pode influenciar o nosso humor, nossas atitudes e até a nossa própria personalidade. Ou como ela pode nos acalmar ou nos estressar durante o dia-a-dia.

Sensibilidade à arquitetura tem também seus aspectos mais problemáticos. Se um único aposento é capaz de alterar o que sentimos, se a nossa felicidade pode depender da cor das paredes ou do formato de uma porta, o que acontecerá conosco na maioria dos lugares que somos forcados a olhar e habitar?



Embora esta casa não tenha soluções para uma grande parte dos males que afligem deus ocupantes, seus aposentos são evidência de uma felicidade à qual a Arquitetura deu a sua característica contribuição



Um dos motivos da minha crise, engloba um pouco dessa parte de "estilos de construção" e qualidade arquitetônica. Devo admitir que já comecei a leitura desse capítulo com um pé atrás, mas o que o autor mostrou vai muito além da teoria... querendo ou não, arquitetura lida com pessoas, com a saúde e com o emocional. É algo extremamente delicado e foi esse viés mais 'sensitivo' que mais me conquistou durante a leitura.

A arquitetura mais nobre pode às vezes fazer menos por nós do que um cochilo à tarde ou uma aspirina

Já que uma obra arquitetônica tem tanto poder sobre nós, o que nós procuramos nelas?
Esse foi outro ponto desenvolvido com maestria e que mudou a minha forma de pensar sobre o que é belo para mim. O autor aponta que uma das coisas que nós procuramos numa construção é as mesmas características que procuramos em um amigo.

O que buscamos numa obra de Arquitetura não está, afinal, tão longe do que procuramos num amigo. Os objetos que descrevemos como belos são versões das pessoas que amamos.

Parece meio estranho, eu sei. Mas se pararmos pra pensar, sutileza, algo convidativo, calmaria ou extroversão são, sim, características que podem estar presentes tanto em uma casa, quanto em um amigo.
Quem é muito agitado pode procurar equilibro. Pessoas desorganizadas podem se sentir mais atraías por ambientem mais limpos, que remetem uma organização a ser alcançada. Alguém mais sistemático e que sofre com isso, pode se interessar por um ambiente mais despojado. E assim vai... procuramos aquilo que nós gostaríamos de ser/ter.

(...) os ambientes refinados podiam nos fazer avançar em direção à perfeição. Um prédio belo poderia reforçar a nossa decisão de sermos bons.
Sentimos prazer diante de uma aparência de leveza ou delicadeza frente à pressão - colunas assim parecem nos perecer uma metáfora de como nós gostaríamos de nos comportar com relação ao peso que somos obrigados a carregar.





O que buscamos, no nível mais profundo, é parecer com os objetos e lugares que nos tocam pela sua beleza, mais do que possuí-lis fisicamente.

(...) nos alerta para mais uma coisa que temos que exigir dos prédios: além de suas partes estarem em harmonia entre si, a construção como um todo deve harmonizar-se com o ambiente onde está; deve nos falar dos valores significativos e das características de suas próprias localidades e eras.

Isso sintetiza muito bem uma outra grande parte do livro. Nem sempre dá para cada pessoa fazer o que ela própria acha bonito em sua residência. Mais cedo ou mais tarde, tudo se transformará em poluição e desgosto visual. Podemos relacionar isso até com cidadania - abdicar, só um pouquinho, do seu gosto, para um todo social melhor e mais agradável. Além dos outros dois pontos contidos na frase: a harmônia entre si mesmo e mostrar um pouco do local onde se encontra e de sua época.

Um prédio adequadamente contextualizado pode ser definido como aquele que incorpora alguns dos valores mais desejáveis e as mais altas ambições da sua era e lugar - um prédio que sirva como receptáculo de um ideal viável.



É mais ou menos isso que o livro aborda. Espero ter conseguido transmitir um pouco da sua essência. Recomendo para todos que tenham pelo menos algum interesse na área... ele te faz enxergar as coisas que você acha bonitas de outra maneira. Caso eu precisasse renomear o livro, o titularia de A Psicologia da Arquitetura, porque foi mais ou menos isso que eu senti durante a leitura. O livro traz, sim, alguns nomes mais técnicos e específicos da área, mas nada que interfira no desenvolvimento da leitura.


O fracasso dos arquitetos em criar ambientes agradáveis espelha a nossa incapacidade de encontrar Felicidade em outras áreas da vida. A má arquitetura é, no final, um fracasso tanto de psicologia quanto de projeto. (...) a tendência a não compreender quem nós somos e o que nos deixará satisfeitos.

Os lugares que chamamos de belos são, ao contrário, obra daqueles raros arquitetos com q humildade para se indagar corretamente sobre os seus desejos e com a tenacidade para traduzir duas fugazes percepções do que é Felicidade em projetos lógicos - uma combinação que lhes permite criar ambientes que satisfaçam as necessidades que temos, mas nunca conhecemos conscientemente.



É no diálogo com a dor que muitas coisas belas adquirem o seu valor (...) Talvez, muito além de todas as outras exigências, tenhamos de estar um pouco tristes para que os prédios possam nos emocionar de verdade.


Essa frase aborda as artes em geral e foi um ponto que me causou muita reflexão... Sempre que estamos mais "tristes" ou com o emocional mais aguçado, parece que reparamos mais e que temos um feeling diferente para arte, coisas que não sentiríamos em um dia dito por 'normal' simplesmente aparecem.

Nossos momentos de depressão proporcionam à arquitetura e à arte as suas melhores oportunidades, pois nesses momentos o nosso anseio por qualidades ideias está no auge.

A tensão entre curvas e linhas retas numa palhadas ecoa a tensão entre razão e emoção em nós mesmos.



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