Novo Livro de Poemas:

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Oioi pessoal, esses dias o Emerson Sarmento me procurou pedindo um espaço aqui pra divulgar o seu segundo livro! Primeiro eu dei uma olhada e posso falar que eu AMEI! É um livro de poemas, vou deixar algumas coisas aqui pra quem tem curiosidade... Espero que gostem tanto quanto eu ♥

Acasos. Foram os acasos que me levaram a prefaciar meu segundo livro de poemas. Talvez seja a vida me pregando uma irônica peça e rindo maviosamente atrás de algum muro a me observar enquanto escolho as palavras certas, enquanto penso na receptividade para com os leitores nesta porta de entrada para o universo do Cromossonhos.

Foto: Carol de Andrade

"Quando passei a pensar neste livro – ainda sem título – quis expor aos leitores meu DNA poético, colocar para fora o que habita organicamente por dentro e além da minha epiderme, dar ordem na bagunça interna e organizar tudo no lado de fora para que fosse tudo compreensível ao tornar concreto meus devaneios, meus sentimentos, minhas angústias, meu eu político e filosófico.  Toda gestação desse desejo me levou a entender que com a poesia tudo isso seria possível.  Talvez essa necessidade quase que anatômica tenha merecido o nome escolhido ao título, um neologismo que faz referência ao cromossomo com a intenção de gerar minha própria sequência de DNA e vários genes, outras sequências de nucleotídeos desempenhando o mecanismo funcional das células do ser vivo – enquanto poeta.
No meu primeiro livro Perfume do Sangue optei por me prender a métrica do soneto sobretudo por um gosto muito pessoal ao ritmo, à forma e à estética que tanto me chamam a atenção. Neste segundo livro não consegui e, na verdade, não quis sair das formas clássicas, não obstante, me aventurei além das formas fixas e pulei de paraquedas num laboratório que eu nem sabia que existia em mim e arrisquei os versos livres no intuito de compor meu próprio ritmo, minha própria identidade num gênero que outrora foi julgado "poema menor" no ponto de vista parnasiano.

Admito que também cultivei um certo preconceito com os versos livres até o momento em que me permiti conhecer mais a fundo as obras de Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Manoel de Barros e entre outros... eu pude perceber que a poética do verso livre também poderia ter poemas maiores, pois, não há facilidade alguma em criarmos nossa própria estética e nosso próprio ritmo, a forma clássica já está estabelecida é só colocar as palavras na fôrma. Não, não estou desmerecendo a forma primeira que me acolheu nas minhas andanças corriqueiras de poeta, apenas percebi outros caminhos que a poesia me proporcionou."

Vamos conhecer alguns?!

Soneto da amizade mútua


Pintemos, amor, a ode brutal
um futuro sistemático adormecido
onde a fúria do desejo é triunfal
e a penumbra é a glória do iludido.

Ora, cantemos como bichos no cio
transas fálicas são bacanais de versos
a plena purificação tardia é hostil
numa liberdade de segredos perversos.

As incertezas são desordens mútuas
explodindo arquitetura mal planejadas
sobrevivendo apenas devoções, de repente...
Amo-te, sem mais, como amigo, simplesmente!
Amo-te na mais perfeita primavera tua
e amarei a rosa desejada, aberta e nua.



Soneto ao sorriso desconhecido


Eis o espanto na ribalta dum sorriso
eram sossegos na simetria das luzes
na timidez hermética de um paraíso
libertou meus agouros das cruzes.

Eis o desconhecido encanto conciso
o sublime resvalado diante dos olhos
a entrega ao esquecimento contido
no alumbramento dos meus imbróglios.

Diante da epifânica paisagem dos lábios
a eloquência verve perdeu-se no ímpeto
do silêncio sagrado dos versos sábios.

E o âmago febril em seu ventre fecundo
executa o choro nas ruas de outono
reverberando o sorriso que silenciou o mundo.

Soneto à mulher amada


Amada minha, ouve teu poeta!
espadas desejam nosso sangue
lâminas perfuram o que resta
e padeço-me na alma exangue.

Amada minha, ouve o teu poeta!
bendita és nos lírios da tarde
na ode duma açucena discreta
no beijo onde teu ventre arde.

A paisagem submersa nos lábios 
é antídoto dum veneno infernal
sendo nosso os cuidados vários 

E quando sentires as flores afinal 
Saberás, é o meu amor nos amparos
do semblante vivo de teu sinal.


Poema retrato

Que belo tom as rosas uniram
uma azul, a outra, felicidade
vindas do jardim de Monet, anteviram
valsas de pássaros em ode à saudade.

O sol, em sua luz, mergulha no infinito
ilumina no retrato o céu do mundo
ostenta sorriso tácito em verso erudito
e revela morte do tempo no fugaz segundo.
O vento leva os fios sem rumo
a mão que executa a arte – chora!
a poesia confronta o lírio a fundo
mas a primavera com as rosas acorda.
De perto, puro impressionismo – realista
digno dos pincéis e aquarelas de Courbet
o retrato reluz o sonho olvido e futurista
de uma rosa nos cabelos de uma mulher.


Olimpíadas 2016


Do lucro
à queda
corpos
afundam
ossos
fraturados
o estado
inunda
em milhões
faturados.

Que onda é essa?
Nova modalidade?
Dead cycling?
Ou
Bike Lane of fear?
A vista:
Wonderful!
Really!


O céu
azul
Rio
Cidade
maravilhosa
futebol
passagem
(de)caída
dois
corpos
brozeando
a ausência
da vida.



Chuvisco


Cai
molha
enxuga
é frio
mas passa.
Cai como lágrima de criança
como uma esperança
derradeira a cada pingo.
Cai
alimenta:
montes
florestas
e amores
mal acalentados
cai encantado
com um leve vento
é o que vos resta.
Além do sonho
de crescer
e torna-se
uma tempestade completa.

Qual foi o preferido de vocês?
XOXO

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